INSCRIÇÕES PRORROGADAS
A comissão do CIEL 2013 decidiu prorrogar até o dia 05.06.2013 as inscrições de participantes. Portanto, quem ainda não conseguiu se inscrever tem mais uma semana. Lembrando que maiores informações, além do formulário para a inscrição podem ser encontradas na página do CIEL: http://sites.uepg.br/ciel/.
19 a 21 de junho de 2013 - Universidade Estadual de Ponta Grossa - Paraná - Brasil.
quarta-feira, 29 de maio de 2013
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Eric J. Hobsbawm
A primeira prévia do Ciel, acontecida no dia 22.04.2013, teve como foco propor uma reflexão sobre a obra de Eric J. Hobsbawn e sua relação com os temas propostos pelo VII Ciel. Foram responsáveis pela apresentação Jeverson Nascimento e Marco Aurélio Sousa. Agora, vejamos um pouco mais sobre o historiador, desta vez, por Elias Thomé Saliba.
A
vida e a obra de Eric J. Hobsbawm
Elias Thomé Saliba
'Com a morte de
Hobsbawm desaparece um dos mais brilhantes historiadores de nossa época e
talvez o último da primeira geração de marxistas''
“O perfil do bom historiador não
pode se parecer nem com o carvalho e nem com o cedro, por mais majestosos que
sejam, e sim com um pássaro migratório, igualmente à vontade no ártico e no
trópico - e que sobrevoa ao menos a metade do mundo.” Ao escrever isto em 2002,
Eric J. Hobsbawm talvez estivesse descrevendo sua própria trajetória. Nascido
em Alexandria em 1917, de família judaica - pai do East End londrino e mãe da
Áustria dos Habsburgos - passou a infância em Viena, tornou-se órfão aos 14
anos e foi morar em Berlim com uma tia, entrando para o Partido Comunista
alemão (KPD) ainda no fim do curso ginasial. Após a ascensão de Hitler mudou-se
para Londres onde concluiu os estudos secundários. Em 1936, na febre da Front
Populaire em Paris, perambulou na carroceria de um caminhão do cinejornal do
Partido Socialista; depois cruzou a fronteira para a Catalunha, logo no início
da Guerra Civil Espanhola.
No mesmo ano, conseguiu uma bolsa
para estudar história no King’ s College, em Cambridge. Nos anos
da 2ª. Guerra integrou a divisão do exército britânico que cavava trincheiras,
atuando ainda como tradutor no setor de inteligência militar. Quando concluiu
seus estudos, pagou o aluguel da casa escrevendo uma coluna semanal sobre jazz
no New
Statesman - com o pseudônimo de Francis Newton (textos depois
reunidos no livro História Social do Jazz). Em 1962, em sua segunda visita à
Cuba, serviu até de tradutor para Che Guevara e o restante da delegação
britânica. Quando se aposentou, após anos de docência, recebeu inúmeros títulos
honoríficos e tornou-se Companion of Honor da rainha da Inglaterra.
“Não se podia ensinar nada a ele,
seria impossível. Eric já sabia de tudo” Assim resumiu Christopher Morris,
orientador de estudos em Cambridge, quando perguntado a respeito do jovem
Hobsbawm: daí começou a carreira ininterrupta de um historiador instintivamente
poliglota e cosmopolita em todas as suas referências e um dos raros
representantes de uma geração que teve o privilégio de ser, ao mesmo tempo,
testemunha e intérprete dos últimos noventa anos da história mundial.
Nas décadas de 1930/1940, quando
Hobsbawm se formou, a Inglaterra era o único país onde surgiu uma escola de
historiadores marxistas. Talvez porque no rol curricular das universidades
inglesas, a literatura havia tomado o espaço vazio deixado pela filosofia. É
que a geração de Hobsbawm - representada por nomes notáveis como Christopher
Hill, Edward Thompson e Raymond Williams - adentrou a oficina da história
através da paixão pela literatura. O extremo rigor da pesquisa também marcou a
obra historiográfica desta geração new left, que se formou no auge do clima
ideológico de suspeita da Guerra Fria. Certamente veio da paixão pela
literatura o amplo domínio que estes historiadores tinham da escrita e o motivo
pelo qual Hobsbawm tenha se tornado um autentico mestre da prosa inglesa: sem
teorizações intrincadas e nenhum traço de narcisismo autocomplacente, ele é
dono de um estilo claro, conciso, sem afetações, equilibrando - em doses exatas
- distanciamento e engajamento crítico.
Fui “um antiespecialista em um
mundo de especialistas, um intelectual cujas convicções políticas e obra
acadêmica foram dedicadas aos não-intelectuais”, escreveu em Tempos Interessantes
- livro que, até hoje virou um paradigma de como deveriam ser escritas todas as
autobiografias. Apesar do seu precoce - e nunca explicitamente abandonado -
engajamento comunista, sempre assumiu um olhar historiográfico desenraizado e
pouco afetivo. Definia-se como “um historiador pertencente a minorias atípicas,
imigrante na Grã-Bretanha, inglês entre centro-europeus e judeu em toda parte -
sentindo-se anômalo até entre os comunistas”, reconhecendo-se apenas na frase
definidora que E. M. Forster utilizava para definir um poeta: “ele ficava num
ângulo ligeiramente oblíquo em relação ao universo.”
O que também o tornou um pesquisador
suscetível a uma versatilidade incomum. Das rebeldias primitivas ao banditismo
social, das rebeliões de trabalhadores pobres ao significado do feriado do
primeiro de maio, da máfia aos luddistas e às tradições inventadas -, Hobsbawm
escreveu sobre os mais diversos temas, revelando insuspeito domínio dos fatos e
surpreendentes interpretações. Sua panorâmica história do “triunfo e
transformação do capitalismo”, que começa com a dupla revolução - a 1ª.
Revolução Industrial inglesa e a Revolução Francesa - e termina com a queda dos
regimes comunistas na década de 1990-, tornou-o mundialmente famoso. Traduzido
em centenas de países, estes quatro livros - abrangendo o período da era das
revoluções até o breve século 20 - tornaram-se parte da bagagem obrigatória não
apenas dos estudantes de humanidades, mas de um público bem mais amplo.
Hobsbawm sempre tinha algo
importante a dizer e seus posicionamentos foram sempre críticos. Quando caiu o
muro de Berlim, muitos apressadinhos anunciaram e apegaram-se à desacreditada
ideia do “fim da história”. Francis Fukuyama retocou a maquiagem de um antigo
livro de Alexandre Kojève sobre Hegel e colocou em circulação esse diagnóstico
vistoso, mas pouquíssimo convincente - que foi solenemente abandonado depois
dos eventos tristemente célebres de setembro de 2001. Hobsbawm chegou a dizer
que até acreditava no “fim da história” - mas, num sentido bem diferente: é o
fim da história tal como a conhecemos nos últimos 10 mil anos, isto é, desde a
invenção da agricultura sedentária. Isto porque, nos primeiros anos do terceiro
milênio, as mudanças estão se acelerando num ritmo estonteante, quase
impossível de se acompanhar com os olhos, os conceitos - e até com as próprias
palavras - que dispúnhamos para compreender o século 20.
Era sempre difícil para um
historiador de formação marxista reconhecer, mas o autor de A Era Dos
Extremos não acreditava em saltos ou mudanças radicais no
capitalismo. Nem por isto deixava de assumir uma posição impiedosamente crítica
em relação à história mundial. A globalização trouxe consigo uma dramática
acentuação das desigualdades econômicas e sociais, tanto no interior das nações
quanto entre elas próprias. Embora a escala real da globalização permaneça
modesta, seu impacto político e cultural é desproporcionalmente grande e muito
mais sensível para os que menos se beneficiam dela. Por outro lado, nos seus
últimos escritos e entrevistas Hobsbawm deixava bastante claro como estávamos
enfrentando os problemas do século 21 com um pífio conjunto de mecanismos
políticos, flagrantemente inadequados para resolvê-los. Sua defesa dos valores
iluministas era intransigente: acreditava que eles constituíam os únicos
alicerces que temos para construir sociedades justas, seja qual for o lugar da
terra e para todos os seres humanos. “Quando as pessoas não têm mais eixos de
futuros sociais acabam fazendo coisas indescritíveis”, escreveu no ensaio
“Barbárie: manual do usuário”.
Ele próprio, apesar de “pássaro
migratório”, como historiador nunca perdeu seu eixo, que sempre foi o marxismo.
Suas convicções politicas incluíam a hostilidade a toda forma de imperialismo,
tanto das grandes potências que afirmam “estar fazendo um favor às suas vítimas
ao conquistá-los, quanto a o do homem branco que pressupõe, para si próprio e para
os arranjos que faz, uma superioridade automática sobre as pessoas cuja pele
tem outra cor.” Mas seu tom só se elevava um pouco, quando confrontado com as
lúgubres perversidades da era estalinista. O episódio da violenta intervenção
soviética na Revolução Húngara em 1956 é um exemplo marcante. Certa vez, quando
Arthur Koestler, - irritado e em alto estado etílico numa tarde emotiva num bar
austríaco - cobrou-lhe a ausência de posicionamento, Hobsbawm deu-lhe um xeque
mate, mostrando-lhe uma carta coletiva na qual havia denunciado todas as
atrocidades. Mais recentemente, o historiador Tony Judt disse que Hobsbawm era
admirável em sua fidelidade ao comunismo, mas alfinetou: “para fazer algum bem
no novo século, devemos começar dizendo a verdade sobre o antigo e um
historiador do seu quilate não poderia mais se recusar a encarar o demônio e
chamá-lo pelo nome: o estalinismo e todos os seus crimes hediondos”. Hobsbawm
respondeu que as críticas de Judt eram improcedentes, pois em A Era Dos Extremos
encarava o problema, criticando-o e firmando sua posição. Retrucou ainda que
condenava “aqueles intelectuais anticomunistas que hoje têm apenas uma bandeira
única, a de serem exclusivamente anticomunistas, esquecendo-se completamente
das ideais pelas quais lutavam.” “Judt deseja apenas que eu diga que estava
errado - e não vou satisfazê-lo”, finalizou Hobsbawm. A polêmica não rendeu,
parando nestas tantas cutiladas curtas, até porque logo depois Judt cairia
doente e morreria. É pena. Pois o debate poderia se alongar, ao refletir sobre
o imenso abismo ético que se abriu entre os intelectuais europeus do “leste” e
os “ocidentais” em função da própria história e da experiência de cada um com o
comunismo. Abismo que se mantém até hoje.
Perscrutador incansável do seu
século, Hobsbawm deixou uma obra que é uma aula magistral de história
contemporânea. Ele sabia ainda, quando necessário, provocar o leitor com
tiradas irônicas. Seu relato dos estertores da democracia alemã, no fim da
República de Weimar, é resumido numa única frase: “Estávamos no Titanic, e
todos sabiam que ele estava batendo no iceberg”. Ao discorrer sobre os
movimentos estudantis dos anos 1960, ele chegava a argumentar que “a marca
distintiva realmente importante na história da segunda metade do século XX não é
a ideologia nem as ocupações estudantis, e sim o avanço do jeans”. E,
finalmente, ao refletir sobre o poder em geral, sintetiza-o simplesmente pela
megalomania, que ele define como “a doença ocupacional dos países e dos
governantes que creem que seu poder e seu êxito não têm limites.”
Um humorista inglês brincou,
certa vez, definindo a escola de historiadores marxistas de Hobsbawm como os
“cavaleiros da távola redonda em busca do perdido Graal”. Com a morte de
Hobsbawm desaparece um dos mais brilhantes historiadores de nossa época e
talvez o último daquela primeira geração de marxistas, para os quais a
Revolução de Outubro - uma espécie de Graal - era o ponto de referência central
no horizonte político. Marca também o desaparecimento de um dos últimos historiadores
que colaram de tal forma sua trajetória de vida com a história pública, que
elas parecem indistinguíveis. “O sonho da Revolução de Outubro ainda está em
algum lugar dentro de mim, assim como um texto apagado no computador lá
permanece, à espera dos técnicos que o recuperem dos discos rígidos”, confessou
Hobsbawm. E em lacônica resposta à tirada humorística, concluiu: “Porque se
desistirmos do Graal, desistiremos de nós mesmos.”
ELIAS THOMÉ SALIBA
É PROFESSOR DE TEORIA DA HISTÓRIA NA USP E AUTOR DE, ENTRE OUTROS, RAÍZES DO RISO
(COMPANHIA DAS LETRAS)
Fonte: www.estadão.com.br
sexta-feira, 10 de maio de 2013
CIEL FIRMA NOVAS E IMPORTANTES PARCERIAS
A organização do VII Ciel firmou parceria com a Secretaria de Educação de Ponta Grossa para a participação dos professores da rede municipal no evento. Na reunião, estiveram presente os professores Evanir Pavloski, Silvana Oliveira e Luísa Cristina dos Santos Fontes, além da secretária municipal Esméria de Lourdes Saveli.
A organização do VII Ciel firmou parceria com a Secretaria de Educação de Ponta Grossa para a participação dos professores da rede municipal no evento. Na reunião, estiveram presente os professores Evanir Pavloski, Silvana Oliveira e Luísa Cristina dos Santos Fontes, além da secretária municipal Esméria de Lourdes Saveli.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
CONFIRA IMAGENS DAS PRIMEIRAS PRÉVIAS DO CIEL
Políticas Linguísticas - Prof.ª Clóris Porto Torquato
Discussão sobre o bi/multiliguismo e as políticas linguísticas como participantes da constituição das identidades dos sujeitos e das relações entre esses sujeitos e as línguas em diferentes contextos bi/multilíngues.
Políticas Linguísticas - Prof.ª Clóris Porto Torquato
Discussão sobre o bi/multiliguismo e as políticas linguísticas como participantes da constituição das identidades dos sujeitos e das relações entre esses sujeitos e as línguas em diferentes contextos bi/multilíngues.
Identidades no contexto escolar - Prof.ª Jaqueline Dutra
Discussão sobre a forma como a escola básica vem lidando com os desafios colocados pelas questões identitárias, especialmente aquelas relativas às relações étnicos-raciais, de gênero e de sexualidade.
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